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Nutrição para cães e gatos
A nutrição é o estudo dos alimentos, os seus nutrientes e outros componentes, incluindo as ações dos nutrientes específicos, as suas interações com o outro, e seu equilíbrio dentro de uma dieta. As seis categorias de nutrientes são água, carboidratos, proteínas, gorduras, sais minerais e vitaminas, os quais têm funções específicas e contribuem para o crescimento, manutenção dos tecidos do corpo e saúde ótima. Os nutrientes, principalmente carboidratos, lipídeos e proteínas, produzem energia quando oxidados pelo metabolismo.
A evolução nas pesquisas sobre nutrição de cães e gatos nos últimos anos resultou em um maior entendimento de suas necessidades nutricionais, reduzindo assim a ocorrência de desnutrição nessas espécies.
Porém, por serem animais considerados por muitos como membros de uma mesma categoria, alguns tutores podem cometer um erro primário de alimentar gatos como se fossem cães. Além disso, uma vez que as formulações estão cada vez mais sofisticadas facilita que os tutores sejam propensos a cometerem outro erro no manejo alimentar; a superalimentação. Considerando que um manejo nutricional adequado pode retardar ou prevenir enfermidades, melhorar a qualidade de vida e promover longevidade.
Ambos os cães e gatos domésticos são membros da ordem Carnívora, o que indica espécies que se especializaram no hábito alimentar carnívoro e por isso apresentam anatomia peculiar. No entanto, pertencem a diferentes ramos da ordem e, consequentemente, têm herdado distintos legados de preferências alimentares e comportamento de seleção de alimentos. Enquanto que a história evolutiva do cão sugere uma dieta mais onívora na natureza, a história do gato indica que esta espécie consumia uma dieta a base de carne durante seu desenvolvimento evolutivo. A permanência do gato com uma dieta altamente especializada resultou em adaptações metabólicas que se manifestam como particularidades nas exigências nutricionais.
Desse modo, os alimentos disponíveis no mercado apresentam características determinadas basicamente pelas diferenças nas exigências nutricionais e nos hábitos alimentares de cada uma destas espécies. O entendimento das diferenças interespécies é de importância prática, uma vez que alguns tutores (responsáveis) podem erroneamente acreditar que gatos podem ser alimentados como se fossem cães.
O avanço nas pesquisas sobre nutrição nos últimos anos promoveu maior entendimento sobre as necessidades nutricionais destes animais, e consequentemente, houve uma grande evolução na alimentação dos mesmos. Os alimentos, atualmente, buscam além de nutrir, a promoção da saúde, bem estar e longevidade. Porém, com a enorme quantidade de alimentos comerciais prontos para o consumo, com formulações cada vez mais sofisticadas, facilitam que os tutores estejam propensos a cometerem outro erro primário no manejo alimentar: a superalimentação.
De forma simultânea, a maioria dos animais de companhia sofre com a humanização, vivendo em espaços reduzidos culminados em ociosidade. Nesse caso, pode-se considerar que o grande problema nutricional em animais de companhia atualmente é um consumo de energia maior do que a demanda, o que pode ser comprovado pelos altos índices de obesidade em ambas as espécies atualmente.
Fornecimento do alimento para alimentar corretamente é preciso conhecer o comportamento e preferências alimentares dos cães e dos gatos. Na natureza, os canídeos caçam em matilhas, havendo disputas e dessa maneira ingerem rápido.
Dependendo da raça, comem 4 a 8 ou até mesmo mais refeições, geralmente durante o período diurno, com algumas raças também se alimentando durante o período noturno. Assim, recomenda-se fornecer a quantidade calculada, de preferência, dividida em no mínimo duas porções diárias e separar os animais para não haver competição. Já os felídeos (exceto os leões) geralmente são caçadores solitários.
O gato por seu pequeno porte, na natureza só conseguiria presas pequenas e para atender suas necessidades energéticas diárias precisava fazer várias caças diárias. Gatos comem voluntariamente 12-20 refeições por dia uniformemente distribuído pelo período diurno e noturno. Dessa maneira, para eles, o alimento deve ficar disponível durante 24 horas, já que restrição de horários pode levar a diminuição de consumo, exceto em casos de problemas com obesidade.
Dieta Caseira – Alimentação Natural
Você com certeza já ouviu falar em alimentação natural, ou apenas AN. Cada vez mais, tutores de pet têm aderido a essa modalidade de alimentação. No entanto, ainda existem muitos mitos e desinformação sobre como funciona a comida natural para cachorros.
Ao longo de milhões de anos cães e gatos sofreram adaptações evolutivas para sobreviver consumindo presas. A oferta de dietas industrialmente processadas, monótonas (de fórmula fixa), secas e à base de grãos (milho, soja, trigo) passa totalmente por cima desse aperfeiçoamento. É bem verdade que oferecer ração seca facilita muito a nossa vida, mas está bem distante da dieta ancestral canina e felina: naturalmente úmida, variada e pobre em carboidratos, predominantemente carnívora.
Um forte motivo para repensar a oferta de ração seca é sua falta de umidade. Água é de longe o principal nutriente para o corpo, embora não estejamos habituados a pensar em água como combustível. Nossos pets evoluíram para extrair de suas presas boa parte da água necessária à sua manutenção. Enquanto as rações secas contêm cerca de 10% de umidade, uma dieta caseira apresenta 70%. Estudos recentes demonstram que alimentos úmidos são melhor digeridos, mesmo que o animal beba bastante água depois de comer ração.
A alimentação natural é uma dieta balanceada composta por ingredientes naturais e que são minimamente processados, isto é, não passam por processos industriais como acontece com as rações. É uma alimentação equilibrada que contém os níveis de nutrientes que o animal precisa para se manter saudável. E o único tipo de processamento que sofrem esses alimentos ocorre dentro da nossa cozinha: o cozimento e o congelamento.
Uma das maiores confusões que acontecem entre os tutores é achar que a comida natural para cachorros é resto de comida da família. Não vale abrir a geladeira, ver o que está sobrando lá dentro e oferecer para o pet. Isso inclui não oferecer pizza que sobrou do jantar, a lasanha e até o arroz e feijão. A alimentação natural também não é servir só frango, arroz e vegetais para o peludo. E muito menos oferecer ao cão uma dieta vegana ou vegetariana.
Também não é só misturar alimentos com a ração, sem a orientação de um veterinário especializado em nutrição.
Afinal, o que é a alimentação natural?
Para entender melhor como é composta a alimentação natural é importante falar um pouco da origem dos nossos melhores amigos. Os pets são animais fisiologicamente carnívoros, isto é, foram feitos para comer carne. Seu organismo está preparado para receber alimentos com maior percentual de proteína.
Assim, a alimentação natural propõe uma dieta composta por um equilíbrio entre proteínas, gorduras de boa qualidade, carboidratos, fibras, vitaminas, minerais e água. Mesmo na AN, o carboidrato é utilizado. Não por uma grande necessidade nutricional, mas para poder diminuir a grande quantidade de proteína (que é mais cara) e manter tudo em um equilíbrio saudável.
Ainda são necessários suplementos minerais para compensar tudo o que o pet precisa, além de probióticos e prebióticos, que favorecem a saúde intestinal. Tudo isso, com ingredientes de qualidade e sem o uso de subprodutos rejeitados pela dieta humana, compõem uma dieta equilibrada.
A composição nutricional da comida natural deve ser feita sob a orientação de um médico veterinário nutricionista e de acordo com o estilo de vida do animal, idade, porte e nível de atividade. Assim, a dieta poderá ser modulada de acordo com a necessidade individual de cada um, levando em conta também predisposições genéticas ou doenças crônicas que o pet pode ter.
Você ainda pode escolher o tipo de alimentação natural que achar mais interessante e que tenha a ver com o seu pet: cozida, crua com ossos ou crua sem ossos.
Comida natural para cachorro X ração
Alimentação natural para cães não é moda. Na verdade, as rações podem ser consideradas muito mais modismo do que a comida natural para cachorro. Afinal, as rações industrializadas só existem no mercado há 20 anos. Antes disso, do que os cães viviam?
Basicamente, de comida! Somente na década de 40 surgiram as primeiras rações nos Estados Unidos. No Brasil, o alimento pronto e processado para cães começou a ser produzido na década de 70. Fica claro que os cães passaram muito mais tempo consumindo alimentos naturais do que processados.
A ração é um alimento equilibrado, formulado matematicamente. Existem mínimos de nutrientes que devem estar presentes. Em sua maioria, são compostas com um percentual maior de carboidratos (extrato etéreo) e menor de proteína e gorduras. Para se ter uma ideia, podem chegar a 50% ou mais de carboidratos na fórmula. Se levarmos em consideração a alimentação dos ancestrais caninos, esse mesmo nutriente representava apenas 15%. Já as proteínas, estão presentes em menores quantidades.
A maior diferença é que a alimentação natural busca adaptar o alimento para a melhor digestão e aproveitamento dos pets. Os dentes já indicam isso: são presas que servem para rasgar carnes e têm menor capacidade para triturar alimentos como vegetais, por exemplo.
Os benefícios da dieta natural incluem: alta palatabilidade (com sabor e textura muito atrativas), fezes firmes e com menos odor, menos gases, mais vitalidade, pelagem brilhante, maior resistência às doenças, melhor hidratação do organismo e menor necessidade de ingestão de água, além de ser um alimento customizado para o seu pet.
Alguns pontos, no entanto, podem dificultar a adesão de alguns tutores à alimentação natural. Você vai precisar de muito espaço no freezer, para que possa produzir os alimentos e congelar para o consumo. Também é necessário que seja feita a correta suplementação de vitaminas e minerais que podem não estar presentes nos ingredientes. Por último e mais importante, é preciso seguir à risca a dieta. A falta de comprometimento com a alimentação caseira pode prejudicar muito o seu peludo.
A alimentação natural funciona para todos?
Por ser feita de forma individualizada, a alimentação natural pode ser adaptada para todos os tipos de pets (jovens, adultos ou idosos), castrados ou não e também para portadores de doenças crônicas.
Algumas das enfermidades que apresentam boas respostas a mudança de dieta para a alimentação natural para cães: obesidade, diabetes, alergias de pele e alimentar, doença renal crônica, cardiopatias, pancreatite, câncer, gastrite, doenças do trato intestinal e urinário.
Essas condições requerem cuidados extras com o cardápio. Como exemplo, cães com doença renal crônica devem receber uma dieta caseira com menor teor de fósforo e proteínas. Pets com alergia alimentar não esclarecida precisam fazer primeiro uma dieta de eliminação para identificar o que pode estar causando o quadro. Caso contrário, a alimentação continuará causando os sinais de alergia.
Outra vantagem da alimentação natural é ser ajustada para pets que possuem mais de uma doença, por exemplo alergia e cálculos urinários. Para isso, é preciso contar com a orientação de um veterinário especialista em nutrição, que irá formular um cardápio que atenda a essas duas necessidades. Já as rações terapêuticas, por terem uma fórmula pronta, são limitadas ao tratamento de uma só doença, podendo até agravar outros sintomas.
Como introduzir a alimentação natural para pets?
O primeiro passo é procurar um especialista no assunto. O veterinário vai pedir exames de rotina e complementares para que possa avaliar todas as necessidades nutricionais do cão.
A partir daí, o tutor e o veterinário devem conversar sobre a rotina do animal para que possa ser estipulada a quantidade de calorias que devem ser consumidas diariamente. Outro ponto importante é incluir na dieta alimentos que sejam fáceis de encontrar e cozinhar, para que não haja desistência do tutor no meio do caminho. Com o cardápio inicial em mãos, é hora de colocar em prática.
A rotina do pet não deve mudar muito. Se você está acostumado a oferecer o alimento duas ou três vezes por dia, deve apenas dividir a quantidade diária em cada refeição. Para facilitar, você pode preparar os alimentos e congelar já nas porções corretas. A organização dos alimentos também pode ser semanal, quinzenal ou mensal. Depende da sua rotina!
No caso da alimentação natural cozida, uma dica importante é usar o micro-ondas o mínimo possível para preservar os nutrientes dos alimentos.
Principais alimentos usados na comida natural
Em sua maioria, são ingredientes fáceis de encontrar no nosso dia a dia. Abaixo uma relação dos principais:
- Proteínas: peixe, frango, boi, ovos, cordeiro, porco, coelho, além de vísceras de animais (fígado, língua, coração, baço, rins, pulmão)
- Carboidratos e fibras: abobrinha, chuchu, vagem, rúcula, brócolis, cenoura, beterraba, inhame, batata doce, mandioca, ervilha, arroz integral, lentilha, psyllium, extrato de yucca, entre outros
- Gorduras: óleo de coco, óleo de borragem, óleo de peixe, banha suína
Já alguns alimentos devem ser evitados na dieta, por serem de difícil digestão ou potencialmente tóxicos, como carambola, cebola, chocolate, leite, pão, salsicha, uva, café, macadâmia, entre outros.